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Último lançamento de foguete da China sinaliza a intensificação da corrida por satélites | corrida espacial | Starlink | internet via satélite


Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.

Análise de notícias

A órbita terrestre baixa (LEO, na sigla em inglês) tornou-se o ponto alto de uma corrida espacial cada vez mais intensa, agora centrada em lançamentos de satélites rápidos e econômicos que moldam tudo, desde as comunicações globais até as operações militares.

“Quem colocar os satélites primeiro tem a vantagem estratégica; os retardatários ficam com locais e altitudes menos favoráveis”, disse o tenente-general aposentado da Força Aérea de Taiwan, Chang Yen-ting, ao Epoch Times.

Historicamente, muitos satélites estavam estacionados em órbita geoestacionária (GEO, na sigla em inglês), 35,786 quilômetros acima do equador. Três satélites GEO podem cobrir todo o globo, mas o atraso do sinal é significativo devido à distância. Os satélites LEO, em órbita a uma altitude de 1.200 milhas, são muito mais adequados para telecomunicações, mas a necessidade de uma constelação, ou grande frota, tinha um custo proibitivo até que a SpaceX provou o contrário com seu Starlink.

A China está tentando recuperar o atraso.

Embora o recente lançamento do foguete Longa Marcha 8A pela China tenha sido promovido como a estreia de um novo modelo de foguete destinado a implantar satélites de internet de baixa órbita, os analistas dizem que ele destaca a ambição de Pequim de alcançar as redes LEO dos EUA e desafiar a liderança dos Estados Unidos em tecnologia espacial.

“O programa espacial da China apoia o desenvolvimento econômico e promove a modernização da defesa nacional. Os sucessos no espaço significam o surgimento da RPC como uma potência mundial”, afirmou o Centro Aeroespacial para Política e Estratégia Espacial, um grupo de reflexão dos EUA,  em um relatório divulgado em outubro passado.

A missão chinesa de 11 de fevereiro implantou 10 satélites de Internet com função semelhante à constelação Starlink da SpaceX, que é lançada principalmente por meio do foguete Falcon 9 e já tem cerca de 7.000 satélites ativos em órbita. Em comparação, a China lançou seu primeiro grupo de 18 satélites LEO em agosto de 2024 e mais 10 em dezembro de 2024 antes desse último lançamento.

O Longa Marcha 8A pode elevar 7,7 toneladas a uma órbita de cerca de 435 milhas acima da Terra — uma melhoria em relação aos foguetes chineses mais antigos — mas ainda fica atrás do Falcon 9 da SpaceX tanto em capacidade de carga útil quanto em frequência de lançamento.

Em 2024, a China tinha como meta 100 lançamentos de satélites, mas só conseguiu 68, enquanto a SpaceX concluiu 134 lançamentos bem-sucedidos do Falcon durante o mesmo período. Além disso, a SpaceX está preparando sua Starship totalmente reutilizável — uma parte fundamental de sua estratégia para reduzir drasticamente os custos de lançamento.

Ao reutilizar o primeiro e o segundo estágios e simplificar as operações em terra, a SpaceX pretende reduzir os custos por quilograma em órbita muito abaixo dos padrões atuais do setor. Isso poderia tornar mais barata a implantação de um satélite do que a construção de estações 5G terrestres para uma cobertura de área equivalente.

Chang disse que a SpaceX atualmente é líder em inovação, reutilização de foguetes e eficiência de custos — todos fatores essenciais para a construção rápida de grandes constelações.

Para reduzir a lacuna, Pequim está desenvolvendo várias constelações LEO maciças — Guowang (Rede Nacional), Qianfan (Mil Velas) e Honghu-3 (Cisne) — e planeja lançar mais de 38.000 satélites até 2030.

Shen Ming-shih, pesquisador do Instituto de Defesa Nacional e Pesquisa de Segurança de Taiwan, disse ao Epoch Times que Pequim vê essas redes não apenas como provedores comerciais de Internet, mas também como ativos estratégicos para comunicações, vigilância e aplicações potencialmente militares.

Por exemplo, a Internet via satélite desempenhou um papel crucial na defesa da Ucrânia, exemplificando como as constelações LEO podem afetar diretamente os resultados militares ao fornecer comunicações resilientes no campo de batalha.

No entanto, há um fator limitante. Embora Chang observe que o “primeiro a orbitar” tem a vantagem de ocupar fisicamente determinados corredores LEO, a estrutura regulatória real é governada pela União Internacional de Telecomunicações. A união supervisiona a coordenação de frequências e o licenciamento de sistemas de satélite — um processo que pode levar anos e deve estar em conformidade com os requisitos do tipo “use-o ou perca-o”.

Futuro das comunicações sem fio

Uma grande mudança na tecnologia de satélite é a crescente capacidade de se conectar diretamente aos smartphones. Recentemente, a Apple fez uma parceria com a T-Mobile e a SpaceX para permitir que os iPhones se conectem diretamente à Starlink, e a Samsung fez uma iniciativa semelhante. Esses serviços poderiam contornar redes terrestres, incluindo filtros de Internet controlados pelo governo, um cenário que Pequim quer evitar.

Espera-se que o regime comunista chinês bloqueie qualquer acesso à Starlink para os mais de  200 milhões de usuários de iPhone da China. O CEO da SpaceX, Elon Musk, declarou publicamente que Pequim exigiu que ele mantivesse a Starlink fora da China.

Por enquanto, a China está planejando sua própria “intranet” de satélites — uma rede interna fechada e controlada pelo regime — por meio da rede Guowang, embora analistas como Shen duvidem que ela possa se equiparar à escala da Starlink em breve.

Apesar das frequentes caracterizações como “comerciais” ou “científicas”, os programas de satélite da China têm um claro potencial de uso duplo. O Departamento de Defesa dos EUA documentou os investimentos de Pequim em recursos contra o espaço, como armas de energia dirigida, bloqueadores de satélite e mísseis antissatélite. A mídia estatal chinesa também discutiu a simulação de ataques contra constelações do tipo Starlink, sinalizando que essas redes poderiam ser alvos principais em um conflito.

A comunidade de defesa de Taiwan está observando atentamente, ciente de que um futuro cenário entre os dois lados do Estreito poderá envolver ataques aos recursos espaciais de cada um deles. Os especialistas alertam que, se houver uma guerra de grandes proporções, os satélites essenciais para os sistemas de comunicação e comando e controle poderão estar entre as primeiras vítimas.

Muitos governos continuam desconfiados das ambições espaciais do regime chinês. Na Europa, em 2023, o governo alemão impediu que uma empresa sediada em Xangai adquirisse totalmente uma startup alemã de satélites. Em países como o Paquistão, tanto a SpaceX quanto a Shanghai Spacecom Satellite Technology estão buscando entrar no mercado, mas as complicações geopolíticas e de licenciamento persistem.

Em números brutos, a China ainda está atrás dos esforços americanos: Os Estados Unidos têm milhares de satélites LEO em operação, superando as poucas dezenas da China. No entanto, à medida que mais megaconstelações tomam forma, a competição para garantir imóveis, licenças e frequências orbitais só está esquentando.

Com a construção desses sistemas LEO em grande escala, o regime chinês pretende obter uma cobertura abrangente da Internet em casa, impor seus próprios controles regulatórios e, por fim, oferecer serviços internacionalmente. No entanto, ainda não se sabe se ele conseguirá superar a vantagem técnica e regulatória da SpaceX e de outras empresas ocidentais.

Xin Ning contribuiu para esta reportagem.

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