O que esperar do agro perante futuras tarifas dos EUA sobre México e Canadá?
A partir desta terça-feira (4), os Estados Unidos implementariam novas tarifas sobre importações de diversos produtos do México, Canadá e China. O presidente americano, Donald Trump, concordou com uma pausa de 30 dias em troca de concessões na fronteira e no combate ao crime dos dois países vizinhos. Porém, manteve as taxas em relação à China.
O governo dos EUA anunciou as seguintes taxas: 25% sobre importações do Canadá e México; 10% sobre petróleo, gás e eletricidade canadenses; e 10% sobre todas as importações chinesas.
Em retaliação, o Ministério das Finanças da China informou que vai impor taxas de taxas de 10% a 15% em importações de produtos americanos. Elas terão início na próxima segunda-feira (10).
Parte da estratégia do governo americano para pressionar parceiros comerciais, a medida promete provocar uma série de repercussões no comércio mundial.
Apesar de ser um dos maiores produtores e exportadores agrícolas do mundo, o Brasil pode ser impactado pela nova fase da guerra comercial. Diante disso, três frentes principais se destacam.
Aumento no preço dos fertilizantes?
O Canadá é um dos maiores fornecedores mundiais de cloreto de potássio, um componente essencial para a produção de fertilizantes. A nova tarifa de 25% sobre produtos canadenses, caso entre em vigor em março, pode aumentar os custos de importação de KCL para os EUA.
Segundo especialistas da Pine Agronegócios, isso impactaria diretamente os custos da produção de soja nos Estados Unidos.
Com isso, pode haver uma redução na área de soja e aumento na área de milho, o que afetaria o mercado de grãos de forma geral.
Benefícios aos óleos vegetais?
O Canadá também é um grande exportador de óleo de canola, utilizado como alternativa ao óleo de soja.
Com a aplicação de tarifas sobre o produto, o preço do óleo de canola tenderia a aumentar, e a demanda por alternativas como o óleo de soja cresceria.
Essa mudança beneficiaria produtores brasileiros, com a possível valorização da soja no mercado internacional, especialmente na Bolsa de Chicago.
Boa oportunidade para grãos?
A guerra comercial também pode gerar uma abertura para o Brasil no mercado de grãos. O México, por exemplo, é um dos principais importadores de milho dos Estados Unidos.
Considerando o impacto de uma futura cobrança às exportações americanas, o Brasil pode ocupar parte desse espaço.
Além disso, a China, que é um dos maiores compradores de soja dos EUA, buscaria outras fontes devido às tarifas, abrindo uma oportunidade para o Brasil, maior produtor e exportador de soja.
Futuro do agro brasileiro
De acordo com a consultoria Safras & Mercado, os efeitos dessas tarifas serão mais claros conforme os países afetados implementem suas retaliações.
Entretanto, o agronegócio brasileiro, atento às mudanças do mercado, pode se beneficiar de uma migração de demanda, caso as tensões comerciais continuem.
Na medida em que a guerra comercial se intensifica, o Brasil tem a chance de se posicionar como um jogador-chave no comércio agrícola mundial.
© Direito Autoral. Todos os Direitos Reservados ao Epoch Times Brasil (2005-2024)