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Merz trai promessas de campanha e enfrenta críticas por mudança de rumo | Friedrich Merz | CDU | Alemanha


Friedrich Merz, líder da União Democrata-Cristã (CDU) e provável próximo chanceler da Alemanha, enfrenta críticas intensas pela mudança do seu posicionamento entre a campanha e após as recentes eleições de 23 de fevereiro. Durante a corrida, Merz comprometeu-se a manter o rigor fiscal e a política de endividamento restrita, conhecida como “freio da dívida”. No entanto, após a eleição, ele propôs flexibilizar essas restrições para permitir investimentos maciços em defesa e infraestrutura, incluindo a criação de um fundo especial de €500 bilhões para modernizar o país, principalmente em termos de infraestrutura e digitalização.

O “freio da dívida” (Schuldenbremse) é uma emenda constitucional implementada na Alemanha em 2009, por iniciativa do CDU, que limita o déficit estrutural anual do governo federal a 0,35% do PIB, visando assegurar a sustentabilidade fiscal. Diante dos novos desafios geopolíticos e da necessidade de reforçar a defesa nacional, líderes políticos alemães, incluindo Friedrich Merz, propuseram flexibilizar essa regra fiscal. A proposta consiste em excluir os gastos com defesa que excedam 1% do PIB das restrições impostas pelo freio da dívida. Para implementar esse tipo de mudança, é necessária uma emenda constitucional, que requer a aprovação de dois terços do Bundestag. Essa iniciativa visa permitir investimentos significativos em defesa sem comprometer outras áreas essenciais, como infraestrutura e digitalização, áreas negligenciadas no país nas últimas décadas.

Essa mudança abrupta de postura gerou acusações de estelionato eleitoral, com críticos argumentando que Merz está implementando políticas contrárias às promessas de campanha. Comentaristas políticos e até aliados expressam preocupações sobre a credibilidade do líder do CDU. 

E Merz tem pressa. A urgência em aprovar essas medidas antes de 25 de março é evidente, pois, após essa data, as cadeiras do AfD e do Die Linke, somadas, ultrapassam um terço do parlamento, de modo que eles terão a chamada “Sperrminorität” (minoria de bloqueio), podendo obstruir mudanças constitucionais, que exigem uma maioria de dois terços.

Para contornar essa potencial obstrução, Merz solicitou duas sessões extraordinárias do Bundestag nos dias 13 e 18 de março, visando aprovar as mudanças antes que a nova composição parlamentar entre em vigor. No entanto, tanto a AfD quanto o Die Linke contestaram legalmente essas sessões no Tribunal Superior Alemão, argumentando que a convocação de reuniões extraordinárias prejudica a preparação adequada dos parlamentares e viola princípios democráticos.

Outro tópico em debate é a reintrodução do Serviço Militar Obrigatório, o Wehrpflicht. Diante dos desafios de segurança na Europa, Merz propõe mais essa mudança constitucional. O serviço militar obrigatório deixou de existir na Alemanha em 2011, mas, com a invasão da Ucrânia, voltou a virar pauta quente do debate público. Assim como para o afrouxamento do freio da dívida, para a reintrodução do Wehrpflicht Merz também precisa de dois terços do parlamento, por se tratar de uma mudança constitucional e, a partir do dia 25 de março, as dificuldades de aprovação dessa medida serão maiores, uma vez que o die Linke e boa parte dos Verdes e até mesmo do SPD são contrários à mudança.

Para dificultar o governo de Merz que sequer iniciou, os Verdes, essenciais para alcançar as maiorias necessárias nas votações, declararam sua intenção de bloquear o pacote de gastos de Merz, criticando a falta de foco em investimentos sustentáveis. Com isso, Merz se vê obrigado a, mais uma vez, afastar-se das promessas de campanha e do eleitorado e adotar políticas ambientalistas, e os Verdes foram os mais criticados pelo provável novo chanceler e por seus aliados durante a corrida eleitoral.

A mudança abrupta de rumo de Friedrich Merz após as eleições de 2025 reflete não apenas a pressão das novas demandas geopolíticas e internas da Alemanha, mas também os desafios de governar em um cenário político fragmentado. Sua busca por maior flexibilidade fiscal, juntamente com a reintrodução do serviço militar obrigatório, coloca-o em rota de colisão com promessas de campanha, aliados e uma parte significativa do eleitorado.

No entanto, a urgência em passar suas reformas antes que a composição do Bundestag se altere levanta preocupações sérias: o aumento da dívida pública para financiar esses investimentos pode comprometer a saúde financeira do país, ampliando o risco de aumentos nos juros e pressionando as futuras gerações.

A necessidade de garantir um futuro mais seguro e com uma melhor infraestrutura para a Alemanha pode vir à custa de uma carga fiscal mais pesada, algo que ainda precisará ser cuidadosamente equilibrado e da governabilidade do país. O futuro de Merz, assim como da Alemanha, dependerá de sua habilidade em negociar e alinhar interesses divergentes, sem perder de vista as consequências econômicas que suas decisões poderão gerar a longo prazo.

As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times



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